Livro: Dias Infinitos, de Rebecca Maizel

A moda de vampiros já passou, mas confesso que ainda gosto bastante de ler livros dessa temática, desde os clássicos até os mais atuais. Por mais que o tema pareça estar saturado, ainda há bastantes livros bem criativos e com enredos bem elaborados.
Dias Infinitos conta a história de Lenah Beaudonte, uma vampira com mais de 500 anos presa em um corpo de 16. Como a vida de um vampiro é uma tortura intensa que parece ser só “aliviada” com o sofrimento alheio, Lenah é extremamente cruel e adora uma carnificina. Porém, chega um momento em que, não aguentando mais esse sofrimento, ela pede para Rhode, seu grande amor – e também quem a transformou em vampira – faça um sacrifício e a torne humana novamente. Rhode acaba aceitando, mesmo sabendo que isso causará a morte dele. Após 100 anos hibernando, Lenah acorda como uma humana e precisa se adaptar a essa nova realidade e evitar que o clã dela descubra o ocorrido. Com uma sinopse dessas, era de se esperar que o livro fosse bem criativo. A parte vampiresca, achei bem trabalhado e prendeu bastante minha atenção. Rhode é um personagem bem marcante mesmo morrendo já nas primeiras páginas do livro. Ele te conquista tanto que você pensa que não vai gostar de mais nenhum personagem masculino da história. Lenah, no começo da transformação, por não ter abandonado completamente algumas características vampirescas – visão melhorada, alta percepção, frieza emocional – possui um humor bastante negro e uma personalidade que gostei bastante. Porém, ela não parecia uma mulher de mais de 500 anos, às vezes agindo de maneira bastante imatura e irritante. Se ela não se lembrasse de nada da sua vida de vampira, seria condizente.
A história mescla acontecimentos atuais, da nova vida de Lenah, e de lembranças do passado – que são definitivamente minhas partes favoritas do livro. Lenah, quando entra na escola, faz amizade com Tony, um japonês com pinta de artista super bem humorado. Lembra que eu falei que dificilmente iria gostar de outro personagem do livro que não fosse Rhode? Eu estava enganada. Na hora que Tony apareceu, fiquei muito feliz por saber que ele seria o par romântico de Lenah, porque ele fugia totalmente do estereótipo de mocinho. Porém, eu estava enganada novamente.
Lenah acaba se apaixonando pelo garoto mais popular da escola, Justin Enos. Loiro, alto, bonito, joga lacrosse e todo aquele estereótipo bem conhecido de uma história americana. Por ter sido uma vampira, era de se esperar que houvesse algo inusitado no desenrolar da história, mas ela se tornou totalmente clichê e enfadonha. Já li diversos romances sobrenaturais, mas Dias Infinitos só se salva pelos flashbacks de Lenah – a parte que tem vampiros –, porque, tirando isso, é um livro adolescente com nada de novo.
Se Justin Enos fosse um personagem de personalidade forte, a paixão repentina de Lenah por ele seria compreensível. Porém, achei-o tão mal trabalhado, sem um pingo de personalidade, que o relacionamento dos dois se tornou forçado para mim. Tony, que acabou se tornando apenas o melhor amigo engraçadinho, ou Rhode, possuíam em poucas falas muito mais personalidade que Justin em todo o livro.
O mesmo vale para os vampiros. Lenah, quando era vampira, possuía uma Coven, um clã de quatro vampiros que foram transformados por ela. Dos quatro, o único que tem o passado e a personalidade revelada é Vicken, com que Lenah teve um caso de curto tempo. Os outros três são deixados de lado. Eles são os vilões da trama, porque eles não podiam descobrir que Lenah virou uma vampira se não iriam matá-la – e todas as pessoas com quem criou laços.
O desfecho foi bom, mas o desenrolar da história muito ruim. Uma das habilidades finais que Lenah ganha é digna de pena e praticamente esbarrou na história do livro Crepúsculo. A impressão que fica é que, Rebecca Maizel, a escritora, apenas decidiu aproveitar a onda de romances sobrenaturais. Ela tinha uma história diferente e muito boa, mas acabou não sabendo trabalhá-la.
Quanto a capa, achei-a muito bonita! A edição ficou impecável. O livro é uma trilogia – a qual não boto muita fé –, mas apenas o primeiro livro foi publicado no Brasil


Danielly Stefanie

21 anos, formada em Publicidade. Não sabe se gosta mais de escrever ou de desenhar. Não sabe se tem mais medo da tela em branco do Word ou do Photoshop. Lê praticamente qualquer tipo de livro. É apaixonada por cultura japonesa, faz aulas de japonês, pratica karatê e kobudo. Sem falar todas os animes que assiste. Um dia vai trabalhar no Studio Ghibli (só não sabe se será desenhando ou escrevendo).

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